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O aumento da expectativa de vida da população mundial somado ao consequente crescimento das doenças crônicas típicas do envelhecimento resulta em um desafio sem igual para o setor de saúde. “Prevenção” é, mais do que nunca, palavra de ordem para que os idosos vivam não apenas mais, mas, vivam bem, e para que os negócios do setor sejam sustentáveis. Isso considerando todos os custos extras que uma sociedade amplamente constituída por pessoas mais velhas tem com o sistema de saúde.
Todos os avanços trazidos pela medicina, combinados com fatores sociais, fizeram com que, em pouco mais de um século, a expectativa de vida no Brasil saltasse de 33,7 anos, em 1900, para 75,4 anos em 2014, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Mas o envelhecimento cobra um preço e, para a saúde, a cifra vem em forma de doenças, sobretudo as crônicas, que já atingem metade da população mundial. Além do fato de as pessoas estarem vivendo mais, o estilo de vida atual marcado por má alimentação, sedentarismo e estresse também propicia a maior incidência de doenças crônicas.
Voltando ao Brasil, as chamadas Doenças Crônicas Não Transmissíveis, tais como cânceres, diabetes e problemas cardiovasculares, são responsáveis por 67% das mortes no país. Traduzindo em valores, estima-se que os custos de saúde de um paciente com mais de cinco condições crônicas sejam até 15 vezes maiores do que para pessoas sem qualquer problema regular.
Com essa perspectiva, mais uma vez na história, a tecnologia terá papel determinante para o ramo de saúde, com destaque para a prevenção e para o cuidado no monitoramento de doenças crônicas. A “saúde digital” ou “saúde 4,0”, como tem sido chamada essa nova “revolução”, é muito mais focada na prevenção e no bem-estar do paciente. O objetivo, mais do que tratar a doença, é evitá-la.
Em termos de prevenção e de personalização do cuidado, uma tecnologia que tem rompido fronteiras é a wearable, capaz de aumentar significativamente o total de dados do paciente monitorado. A novidade tem a ver com o fato de que pessoas com doenças crônicas tendem a “esquecer” sintomas comuns à sua condição (como alguma dor, por exemplo). Essa tecnologia ajuda a acompanhar tais sintomas que podem vir acompanhados de uma piora do quadro clínico, além de apoiar o paciente com recomendações para melhores resultados no tratamento.
Exemplos
O Canadá é uma das nações em que o avanço da saúde digital anda em ritmo acelerado por meio de sistemas de robótica, inteligência artificial, internet das coisas, entre outros. Já foi autorizado no país, por exemplo, o uso de um robô em áreas rurais (que concentram cerca de 20% da população) com o objetivo de diagnosticar e tratar pacientes sem a necessidade de deslocamentos aos grandes centros. A máquina auxilia médicos localizados remotamente a fazerem consultas e realizarem exames como ultrassom e eletrocardiograma.
Também naquele país, o L’Institut de recherches cliniques, da cidade de Montreal, está pensando na prevenção e desenvolve no momento um pâncreas artificial capaz de calcular em tempo real a taxa de insulina com base em níveis de açúcar no sangue, consumo de alimentos individuais, nível de atividade e fisiologia pessoal.
Outra tecnologia em desenvolvimento no Canadá e que deve estar disponível para comercialização nos próximos cinco ou dez anos, é um robô destinado aos cuidados domiciliares. Nesse caso, a máquina poderá substituir os cuidadores em atividades diárias como trocas de roupas e preparação de refeições, além de serem socialmente interativos podendo trabalhar na estimulação cognitiva dos idosos. A promessa é de que o robô desenvolverá cuidados personalizados de acordo com as necessidades de cada um, tudo em consonância com o conceito de “value-based care”, cuja abordagem é centrada exclusivamente na pessoa e os resultados dependem do valor gerado para a vida do paciente.